As manifestações clínicas causadas pelo herpesvirus são variadas e estão na dependência do órgão afetado, como pele, mucosas, órgãos internos, e do caráter localizado ou disseminado da infecção. Estas formas estarão dispostas no quadro no final do post.
Formas clínicas
Primária:
Nas mucosas, a gengivoestomatite aguda é frequentemente observada. Produz lesões localizadas ou sistêmicas. A infecção, por vezes, se manifesta sob forma clínica grave, com febre alta e gastrenterite, podendo levar ao êxito letal. Adenopatia regional está presente (os linfonodos regionais drenam todo o material que está sendo processado pelo sistema imunológico, por isso há aumento de volume e dor na região, são as conhecidas "ínguas"). Raramente, a infecção cutânea se apresenta sob a forma de vesículas disseminadas. Aqui as vesículas são agrupadas e continuam surgindo durante duas a três semanas.
Recorrente:
De caráter localizado, a infecção recorrente das mucosas e pele é comum, principalmente o herpes labial e o genital. Caracteriza-se por vasículas transparentes, grupadas, em área eritematosa circunscrita, com leve prurido ou ardência, recidivando-se no mesmo local ou adjacências. Por coalescência podem formar bolhas.
Herpes da pele e mucosas
Herpes labial: A recorrência é comum. As vesículas, usualmente, acometem a junção da pele com os lábios. De regra, apenas um dos lábios é afetado.
Herpes facial: Qualquer área da face pode ser comprometida (o herpesvírus possui receptores para quase todas as células do corpo, mas preferencialmente acomete as áreas descritas).
Herpes ocular: A infecção primária produz uma conjutivite purulenta, podendo coincidir com a estomatite herpética. A córnea afetada apresenta-se com ulcerações rasas de aspecto dendrítico muito típico. Ulcerações profundas podem também ocorrer. Pode ocorrer edemaciação nas pálpebras. Os gânglios pré-auriculares enfartam-se (a contaminação pode ocorrer quando uma pessoa com lesões labiais ou genitais as toca e inadvertidamente passa a mão nos olhos).
Herpes genital: A transmissão pode ocorrer através do contato venéro ou não. Na mulher, a infecção primária vulvar apresenta-se sob a forma de vesículas na mucosa labial e pele circunvizinha. Rapidamente estas se tornam maceradas, dando aspecto de placas esbranquiçadas. Há dor local, linfadenopatia satélite (inguinal) e febre. As lesões evoluem, em cerca de 10 a 15 dias, para a cura. Lesões da cérvice uterina conduzem a hiperemia, edema e sangramento. Retenção urinária pode ocorrer. O herpes genital primário masculino manifesta-se sob a forma de uretrite com dor em queimação, secreção clara ou purulenta. Vesículas pequenas podem aparecer nas vizinhanças do meato uretral externo. É frequente o enfartamento inguinal. O herpes recorrente do pênis comumente acomete a mucosa prepucial e pele do pênis, podendo se instalar na glande. Apresenta-se sob a forma de vesículas transparentes, agrupadas em base eritematosa (em minha manifestação primária, as lesões se apresentaram inicialmente da maneira tradicional, começando por áreas eritematosas (avermelhadas), que se tornaram vesículas, evoluíram para pústulas que formaram áreas ulceradas relativamente extensas. Por não saber a princípio que se tratava de uma lesão herpética, tratei como se fosse uma ferida qualquer, lavava com álcool, iodo, passava uma pomada de cetoconazol+betametasona+neomicina na tentativa de melhorar. Antes de fazer os exames diagnósticos, fui à UPA, onde me disseram que era apenas uma inflamação de pele e a médica me receitou uma pomada de hidrocortisona (antiinflamatório esteroidal), que por afetar o sistema imunológico, propiciou melhores condições para o vírus causar lesões). Com a resolução destas, se formaram crostas. Após a cicatrização as áreas de pele afetadas ficaram com a coloração tradicional de cicatrizes, um pouco avermelhadas, rosadas em relação às áreas circunvizinhas de pele saudável. Se for contabilizar, surgiram 3 vesículas no corpo do pênis, 5 no sulco balonoprepucial, e cerca de 8 na base do pênis, mais na parte esquerda).
Herpes sistêmico: O comprometimento dos órgãoes internos, em geral, acometendo pacientes com ausência de anticorpos circulantes, é raro. Apresenta-se sob duas formas clínicas: meningoencefalite (manifesta-se através de febre, cefaléia, distúrbios intestinais e sinais de meningite e encefalite) e herpes visceral (apresenta-se sob a forma de infecção grave, generalizada, com viremia, febre e lesões necróticas no fígado, pulmões, suprarenais e cérebro, acometendo, de regra, os recém-nascidos. A transmissão se faz por via transplacentária ou através do trato genital materno.
Fonte: "Doenças infecciosas e parasitárias", oitava edição, do autor Ricardo Veronesi, Prof. Emér.; D.M.; L.D.; D.H., editora Guanabara-Koogan, publicado no ano de 1981.
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