Tenho herpes genital. E agora?!

Durante toda a minha vida sempre fui acostumado a muitas frustrações, principalmente no que diz respeito ao lado emocional e relacionamentos. Quando recebi o diagnóstico parecia que eu estava em outro plano, fora da realidade. Não me desesperei mas ao mesmo tempo também não conseguia acreditar que aquilo era verdade. Infelizmente aconteceu. Não tenho como saber como foi, quem me passou a doença. Só posso especular. Encontrar um culpado não irá ajudar em nada. O que podemos fazer é tentar não ser o contaminante de alguém. Inegavelmente a única maneira de ter 100% de certeza que não vou transmitir o vírus é a completa abstinência sexual. Já cogitei essa possibilidade, mas eu quero e acredito que apesar de minha atual condição eu mereça ter uma família, ser feliz! Até o momento não existe uma cura, mas as pesquisas estão evoluindo. Quando me consultei com o urologista para levar o resultado dos exames, ele apenas me mandou para casa, disse que tudo o que ele poderia pedir para que eu fizesse já havia sido feito e não não poderia me recomendar a terapia supressora porque, segundo suas palavras, não existia comprovação científica que funcionava (mentira!) e que todo medicamento tem um grau de hepatotoxidade. Mesmo assim, durante cerca de 1 mês, alguns dias após a recuperação da manifestação primária, comprei o aciclovir 200mg em comprimidos e tomava 4x por dia. Logo após a manifestação primária é quando se convém que há a maior taxa de liberação viral, e com a medicação não manifestei a clínica novamente. Tomei por um tempo também o cloridrato de lisina, o que também é comprovadamente eficaz contra a proliferação do vírus e tive bons resultados. Durante esse tempo tive relações sexuais, mas sempre compreservativo, e nenhuma de minhas parceiras me comunicou o aparecimento da doença. Pode ser egoísmo ainda querer ter relações sexuais para satisfazer meu prazer carnal, mas a ciência me dá uma certa "segurança". Existem trabalhos que dizem que a terapia supressiva (farei um post sobre ela mais pra frente) reduz em até 94% a liberação do vírus e esta é episódica, ou seja, só ocorre quando o sistema imunológico "vacila". Acredita-se que 90% da população mundial tenha sorologia para o herpesvírus e 70-80% seja portador. Então teoricamente o risco de contrair a infecção de outra pessoa (que pode agir desprevinidamente, ter relações sexuais sem preservativo (que diminui em 50% o risco de transmissão)) seria maior ou equivalente ao de ter relações sexuais com uma pessoa portadora do vírus. Penso em ter relações sexuais, penso em algum dia constituir uma família, mas tudo com menor risco possível. A literatura trás que existem casais sorodiscordantes que convivem a mais de 25 anos, tem filhos, sem haver a contaminação de outras pessoas. Me sinto muito frustrado por não poder ter uma vida normal novamente, mas não devemos ficar apenas nos lamentando. A vida não para! Vamos perseverar! Recentemente (meu medicamento já havia acabado e fiquei cerca de 20 dias sem tomar o aciclovir) tive uma recidiva. Foi bastante sutil em comparação à manifestação primária, tomei uma 8 comprimidos, por dois dias e usei a pomada e me recuperei. Durante os dias em que esta manifestação estava acontecendo foi muito triste, o tempo todo ficava com vontade de chorar, me lembrada dos "amores" que havia perdido durante a minha vida, lembrada dos momentos que tive enquanto não era portador do vírus, fiquei muito triste, com vontade de chorar a todo momento, mas passou com a recuperação da recidiva. A vida vai seguir, e temos que nos adaptar à condição que nos foi imposta. Acredito piamente que uma cura vai surgir, que já está em andamento. Nos próximos posts trarei noticiais animadoras. Segue abaixo algumas verdades:

-A VIDA CONTINUA, INDEPENDENTE DESSE PROBLEMA;

-A HERPES NÃO IRÁ NOS MATAR, PODE DIMINUIR NOSSA QUALIDADE DE VIDA MAS O TRATAMENTO SUPRESSIVO FUNCIONA!;

-NÃO É O FIM DO MUNDO, OS MEDICAMENTOS SÃO EFICIENTES E NOVAS OPÇÕES ESTÃO SURGINDO;

-AINDA É POSSÍVEL SER FELIZ!

Peço saberia e muita luz a todos nós para continuarmos vivendo, sem desanimar. Peço também que comentem nas postagens, seja fazer alguma anotação, tiver alguma dúvida pontual (não sou médico, mas sou envolvido na área da súde, então consigo classificar quais informações são factíveis ou não), alguma contribuição, até mesmo contar sua história. Muitas pessoas podem acreditar que só devemos nos relacionar com quem também é portador do vírus, mas esta é uma coisa muito relativa. Não devemos nos esconder do mundo. Abraços a todos nós. FORÇA!