O vírus da herpes tem afinidade para os tecidos derivados do ectoderma (uma das camadas do embrião, é o folheto embrionário mais externo, do qual derivam sistema nervoso, pele, órgãos dos sentidos, entre outros. Os demais folhetos são a mesoderme e endoderme), especialmente pele e mucosas. Ao penetrar nas células, localiza-se no núcleo, originando assim os corpúsculos de inclusão nucleares de Lipschutz (acúmulos de material da replicação viral), que são formações arredondadas de tamanhos variados, podendo ser detectados (no exame histopatológico, com material de biópsia ou conteúdo das vesículas herpéticas) pela hematoxilina-eosuna, através da fixação em solução de Bouin ou de Zenker (colorações especiais para microscopia). Outra reação celular interessante, característica para o vírus do grupo herpético, é a formação de célular gigantes multinucleadas, que ocorrem através da fusão celular. O núcleo dessas células mostra também os corpúsculos de inclusão (quando ainda suspeitava de ter herpes ou não, estourei uma das vesículas e fiz um "imprint" com uma lâmina de vidro sobre o conteúdo, corei com a técnica de hematoxilina e eosina e pude ver estas células, mas não prestei atenção sobre a presença das inclusões pois até o momento não conhecia essa informação). Na pele e mucosas observam-se vesículas intra-epidérmicas, com degeneração das células epiteliais produzindo acantólise (separação da camada espinhosa da epiderme devido às lesões provocadas pelos vírus). As células afetadas da epiderme espessada apresentam dois tipos de degeneração: balonizante e reticular. A primeira causa um grande aumento de volume das células que apresentam um ou mais npúcleos e citoplasma homogêneo e eosinofílico. Essas células perdem as pontes intercelulares, ocorrendo então a acantólise. O processo de balonização se dá principalmente nas camadas inferiores da epiderme, o que acarreta a formação de vesículas subepidérmicas em algumas áreas. Essa degeneração pode afetar, também os folículos pilosos e as glândulas sebáceas (um dos motivos que a princípio me fizeram refutar a hipótese de ter herpes era que as lesões apareciam na base dos pelos, me fazendo suspeitar de ser apenas uma foliculite). A degeneração reticular é um processo no qual, pelo edema intracelular, as células se distendem a ponto de provocarem a rotura das membranas celulares. Por coalescência das células visinhas comprometidas, forma-se vesícula multilocular, cujos septos são formados de paredes celulares resistentes que, com a evolução, se rompem, formando vesícula unilocular. A degeneração reticular ocorre, geralmente, na porção superior e na periferia das vesículas. As vesículas mostram-se preenchidas por líquido seroso que, junto às partículas víricas, contém também leucócitos, células epiteliais, células gigantes e fibrina. Por maceração e perda do líquido, as vesículas se modificam, levando à formação de erosões, por veses recobertas de fina crosta sérica, principalmente nas mucosas (é tida como característica das lesões herpéticas a formação de vesículas que quando se rompem formam crostas). Nas primoinfecções generalizadas encontram-se extensos focos de necrose de coagulação ou basofílica, com reação inflamatória disseminada, nos órgãos internos (pulmões, baço, rins, cérebro), especialmente no fígado e nas supra-renais. Na córnea ocorrem hipertrofia, degeneração nuclear, vacuolização e necrose progressiva. Na meningoencefalite, as alterações se desenvolvem no córtex e subcórtex. Os locais de lesões são variados. Por não haver imunidade específica contra o herpes vírus, em indivíduos imunocompetentes a primeira manifestação da infecção costuma ser bem mais severa que as demais.
Fonte: "Doenças infecciosas e parasitárias", oitava edição, do autor Ricardo Veronesi, Prof. Emér.; D.M.; L.D.; D.H., editora Guanabara-Koogan, publicado no ano de 1981.
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Após tratar sobre as características básicas da infecção, trarei artigos com dados bastante interessantes e animadores. Vamos perseverar.
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