O vírus do herpes simples tem distribuição universal. A infecção afeta cerca de 1 a 2 por conto da população. Foi isolado da boca das crianças. A primoinfecção ocorre, em geral, nas crianças de um a cinco anos, sendo rara no adulto. A porcentagem de adultos portadores de anticorpos chega a 90 por cento. O único reservatório vírico deste patógeno é o homem. O período de eliminação do vírus após a cura da primoinfecção é desconhecido, admitindo-se algumas semanas (por cerca de duas semanas após a recuperação do primeiro episódio de manifestação clínica da doença se admite a liberação contínua do vírus, mas em quantidades decrescentes pelo desenvolvimento da imunidade adquirida). A transmissão materna do herpes simples para o feto pode estar relacionada a vários fatores: ao tempo de infecção durante a gestação; ao tipo de parto; e, possivelmente, à presença e ausência de anticorpos maternos ao vírus. Admite-se (através de experimentos) que a infecção materna durante o nascimento aumenta o risco de infecção congênita (a manifestação primária pode ocorrer durante a gravidez ou nas proximidades do parto, o que faz com que a possibilidade de contaminação do neonato seja maior). O risco é semelhante quando o neonato nasce por via vaginal ou por cesariana realizada mais do que seis horas após a ruptura da membrana. A presença de anticorpos maternos ao vírus não garante a prevenção da transmissão da infecção herpética. De fato, a imunidade celular desempenha papel protetor importante. Assim sendo, a cesariana estaria indicada antes ou dentro das quatro horas que se seguem ao rompimento da membrana numa gravidez na qual a infecção herpética genital materna foi comprovada durane o último mês de gravidez. A infecção pode ser transmitida pelo beijo ou pelo contato sexual. É importante frisar que a transmissão pelo contato sexual é incomum, uma vez que as pessoas adultas, na sua maioria, já apresentam resistência imunológica adquirida, pois há casos de infecção recorrente com cerca de 25 anos de duração em apenas um dos cônjuges. As vias indiretas de contágio oferecem um papel na transmissão devido à pouca resistência relativa do vírus frente às influências ambientais (dessecação, temperatura, irradiação solar). No entanto, a infecção pode ocorrer através de objetos de uso pessoal como toalhas. As portas de entrada mais frequentes são as pequenas lesões da pele e mucosas. O HSV tipo 1, habitualmente, afeta a pele e a mucosa oral, enquanto o 2 é de localização genital (apesar disso, o HSV 2 pode ocorrer em infecções orais e o HSV 1 em lesões genitais, mas a frequência desse tipo de acontecimento é baixa. É possível que o indivíduo seja acometido pelos dois tipos de vírus, pois eles não apresentação reação imunológica cruzada). Embora o vírus herpético provoque a formação de anticorpos, a doença nem sempre confere imunidade completa, o que explica os surtos de recorrência em 75 por cento dos indivíduos infectados. As imunoglobulinas anti-herpes podem inibir o crescimento intracelular do vírus. Em cultura de tecido, o anticorpo pode prevenir a lise celular e, assim, produzir uma forma de infecção latente.
Fonte: "Doenças infecciosas e parasitárias", oitava edição, do autor Ricardo Veronesi, Prof. Emér.; D.M.; L.D.; D.H., editora Guanabara-Koogan, publicado no ano de 1981.
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